O termo ecologia foi criado pelo biólogo alemão Ernst Haeckel, em 1866, significa: “Relação dos seres vivos com o habitat ou meio ambiente natural”. Num ambiente urbano, criado e modificado pelo ser humano com o uso de maquinários e alta tecnologia, não se pode falar em relação direta com a Natureza, mas com um habitat formado pela mão humana. Logo em se tratando de obras neste ambiente, falar-se de
construção ecológica ou reforma ecológica é inadequado. A expressão/palavra que melhor se adequar à condição do homem moderno é sustentável, conceito apresentado pela primeira vez em 1987, através do Informe Bruntland, da ONU – Organização das Nações Unidas, que definiu desenvolvimento Sustentável como “aquele que permite fazer uso dos recursos naturais sem esgotá-los, preservando-os para as gerações futuras”. Curiosamente este termo originalmente se aplicava à preocupação na década de 70 quando foi primeiramente falado se referia a sustentabilidade da industria em relação ao fornecimento de matéria prima.De qualquer maneira, aplicando o mesmo conceito, a definição mais correta para a construção com perfil moderno, urbano e industrial é Construção Sustentável.
Já na área de Design, o conceito de Design para Sustentabilidade (
DFS) ou Ecodesign, está fortemente relacionado a capacidade de promover sistemas de produção que possam responder a requisitos sociais e ambientais em seus produtos, usando a menor quantidade possível de recursos naturais, em comparação com os padrões atuais da indústria. Neste sentido, os designers e decisões do processo produtivo devem coordenar todo produto, serviço e comunicação que possam contribuir para clarificar as alternativas de design e soluções técnicas que efetivamente atendam às inovações sociais e culturais. O método também considera o ciclo de vida(
ACV) de matéria e energia e seus impactos nos sistemas naturais e humanos, assumindo que um novo padrão de comportamento deve existir no mercado, a um ponto em que os consumidores requeiram muito mais conformidade para os produtos e serviços, tendo por base idéias ambientalmente sustentáveis, socialmente aceitas e culturalmente atrativas.
Infelizmente, a iniciativa de livremente se optar por sistemas, produtos ou serviços chamados verdes não acontece de forma espontânea por parte das empresas em sua maioria, para isso alguns países criaram os selos verdes e as normas de conformidade como a da série ISO 14000 entre outras.
Vale lembrar que existem leis rígidas em vários países que devem ser cumpridas pelas industrias quanto aos impactos no ambiente.
No Brasil temos uma das mais completas legislações ambientais do mundo, mas, no entanto problemas como a não aprovação no congresso quanto à regulamentação de como o valor das multas são aplicadas e recebidas das empresas ou indústrias transgressoras (lobe das industrias) tem gerado uma contínua reincidência de casos e rolagem de processos.
Atualmente temos presenciado uma demanda crescente por parte do consumidor por produtos verdes ou ecológicos, junto a essa demanda várias empresas certificadoras e emitentes de selos não confiáveis tem se aproveitado e confundido o consumidor e as empresas.
Um artigo publicado recentemente em uma revista especializada na Espanha analisa o seguinte: (...) "as pseudo-etiquetas ecológicas começaram a aparecer há alguns anos, quando muitos fabricantes viram a possibilidade do negócio verde. Marcas como 'amigo do ozônio' podiam ser lidas em muitos dos produtos que se encontravam nas prateleiras de supermercados e grandes lojas. O problema destas etiquetas é que, mesmo que em algumas ocasiões ofereçam uma informação verdadeira, trata-se de publicidade sem nenhum controle por parte de organismos independentes e é a própria empresa que introduz tal denominação". A autocertificação é um dos principais inimigos do mercado verde, uma vez que induz o consumidor a acreditar que o produto que ele está adquirindo é ecológico por causa do rótulo. No Brasil, há inúmeros casos desses, desde ônibus com 'ar condicionado ecológico', a 'plástico que é ecológico porque impede que se derrubem árvores' ou fios elétricos 'ecológicos' cuja logomarca é uma florzinha estilizada com o cabo elétrico. Em 99% dos casos, o termo ecológico não se justifica. A ausência de um setor que pense o mercado verde leva a essas distorções e permite que tanto pessoas bem intencionadas como autênticos charlatões criem uma cultura de ecoprodutos duvidosa. Naturalmente que o consumidor não é obrigado a conhecer a fundo os parâmetros dos verdadeiros selos verdes. Ele não tem porque ser um técnico conhecedor de química, física, engenharia, arquitetura, biologia etc para avaliar o que está comprando. No entanto, ele é o objetivo final do jogo de mercado. Por isso, para que o ecomercado possa crescer saudável, será fundamental que no Brasil surjam Selos Verdes como já existem em todo o mundo. Esse Selo Verde não precisaria ser exclusivamente de caráter oficial. Nos EUA, o mais importante selo verde é conferido por uma entidade não governamental, a ONG Green Seal. Os selos para madeira (
FSC )e alimentos orgânicos(
IBD) também o são. É até mais importante que entidades privadas assumam esse papel, para impedir que corporações possam tentar corromper a máquina governamental para fazer valer seus interesses.
Mas
atenção, como foi mencionado antes, estes selos se baseiam na analise de ciclo de vida dos produtos, e em cada país os ecoindicadores( como o holandês
eco indicator 99), variam , em função de sua matriz energética, suas matérias primas, sistemas de transporte, mão de obra, fonte de água potável entre outros.
Não é difícil então imaginar que um selo que é ecológico em um país pode não o se
r em outro.
Outro fator de relevância é que nos países desenvolvidos não são contemplados os impactos sociais e mesmo que o fizessem seria diferente em cada país.
logo não basta fazer a análise de ciclo de vida de um produto para chama-lo de ecoproduto, da mesma forma que não se pode afirmar que um produto só porque é feito com matéria prima natural não significa que seja ecológico, você pode se supreender com um produto feito de material sintético sendo mais ecológico que um feito com matéria prima natural!
Assim é mais adequado se falar em níveis de sustentabilidade de um produto.
Por essa razão os selos Europeus se classificam seus produtos em aceitáveis, bons e recomendados.
Eu pessoalmente preferia usar um gráfico como a roda de estratégia de Lids(Ecodesign strategy wheel)